(texto produzido por solicitação do Sinepe/RS em março/2017)
Após
quase sete anos de pesquisa e prática sobre as estratégias de ensino
aprendizagem ditas ativas que fazem sucesso no mundo (tipo o Problem Based
Learning, Peer Instruction ou o Just-in-time Teaching), percebi que nenhum dos
conjuntos de estratégias se adequava integralmente a realidade de sala de aula
aqui no Brasil. Daí, após os testes, comecei a formatar um modelo adaptado à
nossa realidade cultural, aproveitando o que funcionou bem em cada uma das
estratégias estrangeiras.
Através
de estratégias ativas de ensino é possível romper com a ideia de que as aulas
são apenas momentos de transferência de informação do professor para os alunos
e na prática melhorar muito os níveis de aprendizagem. Identifiquei um aumento
de até 10% na média das notas das turmas nos primeiros testes e em mais de 100%
na quantidade de notas altas (próximas do gabarito das provas), além da
melhoria nos resultados em indicadores externos (Enem, simulados e
vestibulares).
Dentre
inúmeras dicas possíveis destaco algumas, como a de fazer uma introdução ao
conteúdo que será estudado e ir passando a palavra aos alunos para que possam
ir expressando seus conhecimentos prévios a cerca do tema e em seguida, organizando
estes conhecimentos prévios apresento o novo conhecimento, permitindo que os
alunos façam associações, questionamentos e propostas sobre o tema. Eles
costumam levantar situações muito pertinentes e algumas inclusive erradas que certamente
iriam influenciar negativamente no momento da avaliação se persistissem.
Mediando
as discussões entre o velho e o novo conhecimento sempre vou lançando algumas
questões, perguntando, me fazendo de bobo, de desentendido pra vê-los construir
e reconstruir linhas de pensamento. Quanto mais aprimorado o que eles falam,
perguntam ou propõem, ais eles entendem o conteúdo. É a técnica do “como
assim?”, “Não entendi”.
Dependendo
do tema costumo solicitar aos alunos que pesquisem o conteúdo em casa para
iniciarmos a próxima aula. O resultado quase sempre é surpreendente, eles
contribuem tanto que sobra pouco pra eu explicar. Basicamente eu só vou
organizando as contribuições deles. É fazer os alunos construírem ativamente a
aula que eu iria dar sozinho no modelo tradicional. No inicio alguns se
dedicavam a essas pesquisas, mas com a competitividade natural que existe entre
eles por falar, por participar da aula, em pouco tempo a maioria se prepara e
quer contribuir com alguma coisa, nem precisa dar nota pra isso.
Em
vista das falas e dos questionamentos dos alunos consigo perceber a maioria dos
erros de interpretação, de cálculos ou conceituais existentes entre meus alunos
e assim fazer a correção a tempo. Caso contrário eu só descobriria na prova que
eles não haviam entendido tal coisa.
Gradativamente
fui incorporando estratégias ativas de ensino aprendizagem na minha forma de
ensinar e percebendo o salto na qualidade da aprendizagem e das relações com os
alunos, pois mais motivados, contentes com suas participações nas aulas e com
as notas, tornaram as aulas momentos de maior prazer e realização para todos
nós. É comum ouvir alguém dizer ao ouvir o sinal ”mas já”, “nem percebi o tempo
passar”, “fica mais um período professor”, entre outras.
Em congressos e
jornadas pedagógicas que participo e falo deste tema é comum me perguntarem se
a aprendizagem ativa serve para qualquer disciplina ou apenas para a Física? Acompanho
a experiência de professores de todas as disciplinas, da educação infantil ao
ensino superior, do ensino público ao privado, que trabalham com sucesso tais
estratégias de ensino, pois toda a aprendizagem sempre tem como ponto de
partida o que o aluno já sabe.
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