30 de mar. de 2017

Peer Instruction no Brasil


Matéria que participamos divulgada pelo SINEPE do PR sobre a nossa experiência com o Peer Instruction. Um resumo bem pontual do assunto.


20 de mar. de 2017

Para enriquecer a aprendizagem: Peer Instruction

(matéria publicada no site do SINPRO - DF)

    Prof. Eric Mazur, Harvard.

Um dos principais objetivos dos professores sempre foi o progresso de seus alunos, algo que nem sempre é possível por meio das pedagogias tradicionais. Ao notar que a aprendizagem dos estudantes de Física ficava bem aquém do desejado, o professor e pesquisador de Harvard, Eric Mazur, começou a elaborar, em meados dos anos de 1990, o método de educação por pares (peer instruction, em inglês). “A educação por pares engaja os estudantes durante a aula por meio de atividades que requerem que cada um estude os conceitos principais que estão sendo apresentados e depois explique esses conceitos para seus colegas. Em vez da prática comum de fazer questões informais durante uma apresentação, o que tipicamente envolve alguns poucos alunos altamente motivados, o processo mais estruturado de estudos da educação por pares envolve todos os estudantes da turma”, descreve Mazur, em artigo publicado em 2001.

19 de mar. de 2017

COMO LEVAR A APRENDIZAGEM ATIVA PARA A SALA DE AULA?

(texto produzido por solicitação do Sinepe/RS em março/2017)

   Após quase sete anos de pesquisa e prática sobre as estratégias de ensino aprendizagem ditas ativas que fazem sucesso no mundo (tipo o Problem Based Learning, Peer Instruction ou o Just-in-time Teaching), percebi que nenhum dos conjuntos de estratégias se adequava integralmente a realidade de sala de aula aqui no Brasil. Daí, após os testes, comecei a formatar um modelo adaptado à nossa realidade cultural, aproveitando o que funcionou bem em cada uma das estratégias estrangeiras.
      Através de estratégias ativas de ensino é possível romper com a ideia de que as aulas são apenas momentos de transferência de informação do professor para os alunos e na prática melhorar muito os níveis de aprendizagem. Identifiquei um aumento de até 10% na média das notas das turmas nos primeiros testes e em mais de 100% na quantidade de notas altas (próximas do gabarito das provas), além da melhoria nos resultados em indicadores externos (Enem, simulados e vestibulares).
     Dentre inúmeras dicas possíveis destaco algumas, como a de fazer uma introdução ao conteúdo que será estudado e ir passando a palavra aos alunos para que possam ir expressando seus conhecimentos prévios a cerca do tema e em seguida, organizando estes conhecimentos prévios apresento o novo conhecimento, permitindo que os alunos façam associações, questionamentos e propostas sobre o tema. Eles costumam levantar situações muito pertinentes e algumas inclusive erradas que certamente iriam influenciar negativamente no momento da avaliação se persistissem.
     Mediando as discussões entre o velho e o novo conhecimento sempre vou lançando algumas questões, perguntando, me fazendo de bobo, de desentendido pra vê-los construir e reconstruir linhas de pensamento. Quanto mais aprimorado o que eles falam, perguntam ou propõem, ais eles entendem o conteúdo. É a técnica do “como assim?”, “Não entendi”.
      Dependendo do tema costumo solicitar aos alunos que pesquisem o conteúdo em casa para iniciarmos a próxima aula. O resultado quase sempre é surpreendente, eles contribuem tanto que sobra pouco pra eu explicar. Basicamente eu só vou organizando as contribuições deles. É fazer os alunos construírem ativamente a aula que eu iria dar sozinho no modelo tradicional. No inicio alguns se dedicavam a essas pesquisas, mas com a competitividade natural que existe entre eles por falar, por participar da aula, em pouco tempo a maioria se prepara e quer contribuir com alguma coisa, nem precisa dar nota pra isso.
      Em vista das falas e dos questionamentos dos alunos consigo perceber a maioria dos erros de interpretação, de cálculos ou conceituais existentes entre meus alunos e assim fazer a correção a tempo. Caso contrário eu só descobriria na prova que eles não haviam entendido tal coisa.
      Gradativamente fui incorporando estratégias ativas de ensino aprendizagem na minha forma de ensinar e percebendo o salto na qualidade da aprendizagem e das relações com os alunos, pois mais motivados, contentes com suas participações nas aulas e com as notas, tornaram as aulas momentos de maior prazer e realização para todos nós. É comum ouvir alguém dizer ao ouvir o sinal ”mas já”, “nem percebi o tempo passar”, “fica mais um período professor”, entre outras.
      Em congressos e jornadas pedagógicas que participo e falo deste tema é comum me perguntarem se a aprendizagem ativa serve para qualquer disciplina ou apenas para a Física? Acompanho a experiência de professores de todas as disciplinas, da educação infantil ao ensino superior, do ensino público ao privado, que trabalham com sucesso tais estratégias de ensino, pois toda a aprendizagem sempre tem como ponto de partida o que o aluno já sabe.

5 de mar. de 2017

A avaliação diagnóstica como ferramenta de aprendizagem na aprendizagem ativa

(Quase sempre uma ferramenta mal utilizada)

Optar por estratégias de ensino-aprendizagem associadas a chamada aprendizagem ativa é sem dúvida uma excelente opção para melhorar a aprendizagem dos alunos nas aulas, tanto na educação básica como no ensino superior.
Existem diversas propostas de enorme sucesso no mundo inteiro que se propõem a transformar um grupo de alunos passivos no processo educacional em ativos, participantes, questionadores, colaborativos. A exemplo destas podemos citar o PBL - Problem Based Learning (Aprendizagem Baseada em Problemas), o famoso Peer Instruction (Instrução pelos colegas) do professor Eric Mazur de Harvard, Think-Pair Share (Pense-Par-Compartilhe), Cooperative Note-Taking Pairs (Tomando notas cooperativamente em Pares), o Just-in-time Teaching (Ensino na hora certa) do professor Gregor Novak ou o Flipped Classroom (sala de aula invertida).
Após testar todas elas durante seis anos, com mais de três mil estudantes do ensino médio, especificamente em aulas de Física e Matemática, foi possível identificar diversos elementos destas propostas que são totalmente aplicáveis aos estudantes do Brasil, dada a realidade diferenciada em relação aos países de origem das propostas.
No entanto, cabe salientar que aprendizagem ativa não é simplesmente colocar os alunos a desenvolverem atividades em grupo. É fundamental a mediação do professor durante o processo, questionando, estimulando, ouvindo, provocando, guiando seus alunos para que a tão citada aprendizagem significativa aconteça.
Para tanto são necessárias estratégias que ativem os conhecimentos prévios dos alunos e que estes conhecimentos prévios sejam relacionados com os novos conteúdos que esta sendo trabalhado, para então, feitas as relações, aconteça à aprendizagem. É ir do que o aluno já sabe, ao conflito com o novo, à assimilação (incorporação) do novo conhecimento. 
E é justamente neste processo que o professor tem a grande oportunidade de ir conhecendo as concepções dos seus alunos, as dúvidas e dificuldades destes (ir avaliando) e assim antecipadamente ir corrigindo ponto a ponto o que na prática só seria detectado quando em geral já é tarde, ou seja, na avaliação.
Por isso, através da aprendizagem ativa é possível antecipar os problemas que apareceriam no momento da avaliação formal e assim evitar que estes aconteçam. Seguramente os alunos se sairão bem melhor na avaliação e se sentirão mais motivados com o processo de ensino aprendizagem.

Segundo pesquisas científicas realizadas é possível melhorar em até 20% o rendimento dos alunos com a utilização das estratégias ativas de ensino aprendizagem com foco em uma avaliação antecipada da aprendizagem.